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Description

Description

O Museu Nacional do Traje é o principal museu de âmbito nacional dedicado ao traje português e civil e traje estrangeiro - desde o século XVIII à atualidade.

O Museu está instalado numa vasta propriedade adquirida pelo Estado Português em 1975. Esta propriedade - uma antiga quinta de recreio setecentista - tem uma extensa área verde hoje aberta ao público e conhecida como - parque botânico do Monteiro-Mor, e a sua sede está instada num edifício setecentista - o Palácio Angeja-Palmela. Coleções O acervo da instituição reúne coleções de traje civil - feminino, masculino e de criança, nacional e internacional -, e respectivos acessórios, fragmentos de tecidos e peças de bragal, materiais e equipamentos que testemunham os processos de produção têxtil, traje e acessórios.

As primeiras ofertas de peças datam de 1974 nos registos do Museu Nacional do Traje, todas elas de particulares. A coleção pública que integrou o seu acervo veio do Museu Nacional dos Coches que, desde 1904, recolheu uma importante coleção de trajes da Casa Real.

Traje do século XVIII (estilos Barroco e Rocaille, 1700 a 1789)

Casaca, Séc. XVIII (c. 1770-1790) No período Barroco, o traje feminino era geralmente composto por três peças principais, o corpete ajustado ao busto, a saia e a sobressaia. As mulheres vestiam-se sumptuosamente, sendo as rendas e os laços constantes no seu vestuário. Entre 1740 e 1770, em pleno período Rocaille, surge um vestido mais ligeiro e volante, com corpete, saia e o famoso "plis Watteau", composto por pregas de tecido que caíam soltas nas costas, sugerindo um falso manto. Em meados do século, o vestido “à francesa” utilizado nas grandes cerimónias, tinha amplos volumes laterais, um corpete cingido, e uma sobressaia aberta na frente, formando uma abertura triangular que deixava ver a saia.

A forma básica do traje masculino surgiu em França no final do século XVII, durante o reinado de Luís XIV, sendo composta por casaca, colete e calção. Este conjunto manteve-se no período Rocaille embora as casacas fossem menos amplas e se apresentassem ricamente bordadas. Os calções eram ajustados e terminavam abaixo dos joelhos. Os bordados formavam padrões florais e vegetalistas e eram realizados nas peças de tecido antes de se efetuarem os cortes quer das casacas, quer dos coletes.

Traje Império (1796 a 1820)

Casaca, colete e vestido Sec. XVIII-XIX Com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789, os ideais revolucionários de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” conjugados com um gosto pela Antiguidade Greco-Romana transformaram radicalmente o vestuário feminino. No traje feminino, as mulheres abandonaram os espartilhos e as anquinhas, assim como os pesados e ricos tecidos, os vestidos apresentavam linhas direitas, cintura subida e curtas mangas de balão, acompanhadas de luvas altas. As saias chegavam aos tornozelos e as caudas eram usadas apenas na corte.

Nas vésperas da Revolução, existia um grande entusiasmo pelas peças masculinas do traje inglês, quer pela qualidade da sua confeção quer pelo seu aspeto funcional. Mas a grande novidade desta época foi a introdução das calças no guarda-roupa masculino, provenientes do traje dos homens do povo e dos marinheiros, as calças começam a ser usadas como símbolo da revolução, pois os calções eram sinónimo do traje aristocrático.

Traje Romântico (1825 a 1865)

Vestido Romântico e Xaile, Sex XIX No século XIX, época da industrialização, surgiram rápidos progressos tecnológicos em várias áreas da produção, aos quais a indústria da moda não foi alheia. Na década de 50 o traje feminino atingia a sua expressão máxima com a introdução da crinolina. Esta armação interna dava um grande volume simétrico às saias sem lhes adicionar peso. O espartilho voltou a moldar o busto feminino. Os tecidos preferidos eram as sedas e as musselinas de algodão com padrões de ramagens, flores, axadrezados e riscas. As cores eram simples e discretas, predominando os azuis e os verdes.

A moda masculina de 1850 manteve as tendências das décadas anteriores. Os casacos de cor preta ou de tons sóbrios usavam-se também com calças aos quadrados. Para a noite usava-se a casaca preta com calças e colete do mesmo tecido, camisa com peitilho engomado e laço.

Traje Belle Époque (1870 a 1914)

Saia e Casaco, Portugal, Sec. XX As senhoras usavam vestidos de duas peças, compostos por corpo e saia, que eram confecionados com tecidos pesados e o espartilho manteve-se em voga. A saia usava-se comprida, acumulando drapeados, passamanarias, berloques, fitas, laços, pompons e franjas. Contudo, a característica silhueta deste período era dada por uma volumosa armação interior, chamada tournure, aplicada na parte detrás da saia.

Em 1890, as mulheres viram surgir os espartilhos ditos "saudáveis" que produziam um porte ondulado em forma de "S". Desta forma o busto da mulher ficava erguido e tão realçado que se denominava "peito de rola". As saias compridas em forma de campânula exibiam, geralmente, uma pequena cauda. Os vestidos de dia tinham um cós de pescoço alto e um peitilho de renda ou tule. À noite os vestidos apresentavam decotes amplos e os braços eram protegidos com luvas compridas.

No Traje masculino, as sobrecasacas e os fraques continuavam a ser usados em situações de maior cerimónia, com cartola. Para o quotidiano os conjuntos de três peças – casaco, colete e calças – eram usados com chapéu de coco.


Vestido Anos 20 Traje do século XX (1910-2000) A República implantada em Portugal a 5 de Outubro de 1910 coloca um fim à monarquia e transforma a dinâmica social da vida portuguesa. Muitos formalismos e constrangimentos sociais desapareceram e as artes, assim como a moda, foram palco de várias mudanças. Os desportos e as atividades ao ar livre promoviam um novo estilo de vida e as senhoras preferiam trajes de corte masculino, como o tailleur. De origem inglesa, o tailleur formado por saia e casaco adaptava-se bem aos passeios e era especialmente apreciado pelas jovens que cada vez mais integravam o mercado laboral.

(1910-1918)


Casaca, Colete, Calças e Cartola & Vestido Sec. XX (c. 1920) As mulheres portuguesas aderiram rapidamente a uma nova silhueta estreita e esguia proposta em Paris, por Paul Poiret. Inspirado no traje do período napoleónico este costureiro propôs o uso de vestidos em substituição dos fatos femininos de duas peças até aí utilizados. Os seus vestidos apresentavam linhas direitas e cintura alta, o que possibilitava à mulher libertar-se do espartilho. Em Paris, os Ballets Russes de Diaghilev inspiravam a moda, trazendo influências orientalizantes para o vestuário através de novas formas, cores vivas e tecidos luxuosos.

O traje masculino manteve as formas do final do século passado. Nas ocasiões solenes usava-se o fraque e a casaca, no quotidiano a sobrecasaca começava a ser substituída pelo casaco curto, com colete e calças.

(1920-1930)


Vestido Anos 30 O vestuário feminino deu nesta década o passo definitivo para a funcionalidade, acompanhando o estilo Art Déco, caracterizado por uma decorativa e elegante geometria. Os vestidos de linhas direitas com cintura descaída, mostravam as pernas a partir dos joelhos. Os vestidos para dançar eram curtos com decotes redondos ou quadrados, habitualmente com saia em évasée e, por vezes, cobertos com vidrilhos, lantejoulas e missangas. As meias e os sapatos passaram a ser peças de relevo, enchendo-se de cores. As cores eram vivas, embora também se escolhesse o preto.

No traje masculino na década de 20, generalizou-se nas cidades o uso de casacos cintados de tweed, espinhado ou em xadrez, de tons sóbrios, acompanhados de calças largas com pregas e dobra na extremidade inferior, em tecido liso ou de fantasia. O smoking transformou-se definitivamente no traje masculino preferido para eventos semi-informais como jantares públicos ou privados, bailes e festas. De cor preta com lapelas de cetim de seda, era acompanhado com laço do mesmo tom.

(1930-1946)

Na década de 30 o traje feminino regressou a linhas mais curvilíneas, o comprimento da saia desceu e a cintura retomou a sua posição natural. Os vestidos de noite eram compridos, com costas desnudadas. Os tecidos mais apreciados eram os crepes e os cetins. As atrizes de cinema, com o seu glamour, inspiravam as mulheres e tornavam-se modelos a seguir. Madeleine Vionnet criou o corte em viés, técnica que dava às peças uma elasticidade e fluidez muito apreciadas, moldando os corpos femininos de forma sensual.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) impôs grandes restrições materiais. O racionamento impunha peças de traje mais ajustadas e curtas. As mulheres vestiam tailleurs com cintura bem marcada, saia de linha direita, ombros enchumaçados e bolsos amplos, que davam à sua silhueta uma postura masculina, de inspiração quase militar.

(1947 a 1950)

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Christian Dior correspondeu aos anseios das mulheres criando uma silhueta feminina e luxuosa. O estilo proposto pelo costureiro francês foi denominado New-Look, pois surgiu como reação à funcional moda dos anos 40. Apresentado em Paris em 1947, pretendeu restituir à mulher o seu aspeto sensual. Esta nova imagem caracterizava-se pelo uso de saias direitas ou amplas, muito rodadas e armadas, cintura estreita e delicada, ombros pequenos e redondos, e corpo espartilhado com o peito bem definido.

Ao mesmo tempo que vigorava a aparência New Look, surgia uma geração inquieta, da classe média, que rejeitava o materialismo vigente. Nos Estados Unidos da América as t-shirts transformavam-se em peças exteriores, principalmente depois de Marlon Brando ter aparecido com uma t-shirt branca no filme "Há lodo no cais", em 1954. As calças de ganga, conhecidas como jeans, começaram a ser adotadas pelos jovens como expressão da sua rebelião.

(1960 a 1970)

Os Anos 60 representaram uma nova alteração no traje. A juventude tornou-se num modelo a seguir, veiculando uma atitude de inconformismo e de contestação à política e mentalidade vigentes. Os movimentos de moda partiram da rua e passaram a influenciar a Alta-Costura. Os fabricantes de roupa viram nos jovens potenciais clientes e começaram a criar peças especialmente para eles. Na base da moda feminina desta década destacou-se a minissaia, apresentada por André Courrèges, em 1965, e popularizada por Mary Quant.

No final desta década surgiu em São Francisco, na Califórnia, o movimento hippie que foi antes de mais um movimento de mentalidades e se difundiu através da música pop. O seu vestuário inspirava-se nos trajes étnicos internacionais: os rapazes vestiam túnicas de algodão cru e jeans, apresentavam cabelos compridos e barbas; as raparigas vestiam longas túnicas, usavam os cabelos soltos com flores e o rosto sem maquilhagem.

(1980 a 2000)

As marcas de pronto-a-vestir passaram a ganhar importância com o surgimento dos estilistas que paralelamente à Alta-Costura, contribuíram para equilibrar a massificação advinda do desenvolvimento da indústria da moda. A relativa estabilidade e prosperidade dos anos 80 favoreceram, uma vez mais, o revivalismo de valores e gostos tradicionais. Todavia, os anos 90 configuraram-se a nível internacional, dando jus à aldeia global. A televisão, as revistas de moda, o turismo e a internet desfizeram as fronteiras, propiciando a divulgação das criações já não só francesas mas italianas, inglesas, japonesas e americanas.

As marcas de pronto-a-vestir desenvolveram-se a um ritmo crescente para responderem aos que desejavam veicular uma aparência contestatária. Por outro lado, surgem os designers de moda e o que veio a chamar-se "moda de autor", o que atribui para criar uma alternativa de qualidade e de estilo à massificação que o desenvolvimento da indústria têxtil e de confeção estavam operar.

História

Pedro de Sousa Holstein, Conde de Palmela O Palácio Angeja-Palmela foi mandado erguer no século XVIII por D. Pedro José de Noronha, 3.º marquês de Angeja, próximo ao local onde existira o paço de D. Afonso Sanches, filho natural de Dinis I de Portugal (1279-1325).

Com traça de autoria desconhecida, o palácio apresenta influência da arquitetura pombalina, desenvolvendo-se em duas fachadas, uma das quais findando com a capela. Do primitivo paço subsiste apenas uma ombreira quinhentista em uma residência contígua ao palácio, e algumas estruturas arquitetónicas do século XVII.

A entrada principal do palácio desenvolve-se como uma galilé e a articulação entre os andares é feita por uma escada de quatro lanços retos. Nas suas salas destacam-se os tetos de masseira, os estuques, as pinturas ornamentais e diversos painéis de azulejos setecentistas.

Em 1840, o imóvel foi adquirido por D. Pedro de Sousa Holstein, marquês de Palmela e mais tarde 1.º duque de Palmela, que empreendeu obras de beneficiação do palácio, entre as quais a reconstrução do pavilhão neo-gótico, hoje ocupado pelo restaurante do museu.


Brasões dos Marqueses de Faial e 2º Duque de Palmela, Palácio Angeja-Palmela A partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o palácio passou a funcionar como colégio religioso de belgas refugiadas, até que, em 1975, o Estado Português adquiriu a Quinta do Monteiro-Mor, que, para além do Palácio Angeja-Palmela, compreende o Palácio do Monteiro-Mor, uma residência do século XVIII, o Jardim Botânico e uma zona verde com onze hectares.

O Museu Nacional do Traje resultou de um projeto nascido em 1969, apresentado em 1973 e consolidado com a exposição O Traje Civil em Portugal apresentada no Museu Nacional do Arte Antiga em 1974. A responsável de todo este processo foi Natália Correia Guedes, que veio a ser a primeira diretora do Museu.

A 23 de dezembro de 1976 foi passado um Decreto/Lei instituiu o Museu Nacional do Traje e o Parque Botânico do Monteiro-Mor.

A 26 de julho de 1977, o museu foi inaugurado pelo então Secretário de Estado da Cultura, David Mourão-Ferreira, a diretora do museu Natália Correia Guedes, e a presença do então 1.º Ministro, Mário Soares, com a abertura de cinco exposições: História do traje civil e urbano (da Antiguidade a 1925), complementada com a exposição Trajo Popular (uma parceria com o Museu Nacional de Etnologia) e a que se somava ainda Traje de ópera, coleção de Tomás Alcaide. Exploravam-se também as Técnicas de fiação, tecelagem e estampagem e expunham-se Brinquedos dos séculos XVIII ao XX.

A biblioteca particular da museóloga Maria José de Mendonça encontra-se aqui depositada.

<a href="https://pt.wiki.x.io/wiki/Museu_Nacional_do_Traje" rel="noreferrer nofollow">pt.wiki.x.io/wiki/Museu_Nacional_do_Traje</a>
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Source Museu Nacional do Traje - Lisboa - Portugal 🇵🇹
Auteur Vitor Oliveira from Torres Vedras, PORTUGAL
Lieu de la prise de vue38° 46′ 31,47″ N, 9° 09′ 53,27″ O Kartographer map based on OpenStreetMap.Voir cet endroit et d’autres images sur : OpenStreetMapinfo

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24 mai 2021

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